Coleta de óleo lubrificante usado: como a sua oficina pode fazer corretamente e os benefícios dessa prática

A troca periódica do óleo lubrificante é um procedimento indispensável para manter o desempenho, a vida útil do motor e a segurança do veículo. No entanto, tão importante quanto a substituição do lubrificante é garantir que o descarte do produto usado seja feito de forma correta e responsável.

O óleo lubrificante usado ou contaminado (OLUC) é classificado como resíduo perigoso e, se descartado inadequadamente, pode causar sérios danos ao meio ambiente. Por outro lado, quando recolhido e destinado de modo correto, o óleo usado se transforma em importante fonte de reaproveitamento de matéria-prima e sustentabilidade.

Neste conteúdo, vamos explicar como funciona o processo de coleta do óleo lubrificante usado, quais as responsabilidades das oficinas e os benefícios que essa prática traz para o meio ambiente, para o seu negócio e para a sociedade.

A função do óleo lubrificante e a sua composição

Os óleos lubrificantes são responsáveis por reduzir o atrito entre as peças metálicas do motor, prevenindo o desgaste precoce dos componentes e mantendo o bom funcionamento do conjunto mecânico. Eles também atuam no controle da temperatura, na proteção contra corrosão e na limpeza de resíduos gerados durante a combustão.

A base de composição dos lubrificantes automotivos é o óleo básico, que representa de 80% a 90% do volume total do produto. A este óleo são adicionados aditivos que potencializam características específicas, como detergência, resistência térmica e proteção contra oxidação.

Sejam sintéticos, semissintéticos ou minerais, todos os óleos lubrificantes, após determinado período de uso, perdem as propriedades originais e precisam ser substituídos.

Por que o descarte correto do óleo lubrificante é fundamental?

O óleo usado não pode ser descartado de forma inadequada, como em ralos, redes de esgoto, solo ou lixo comum. Estima-se que apenas 1 litro de óleo pode contaminar até 1 milhão de litros de água. Além disso, o OLUC contém metais pesados, resíduos tóxicos e substâncias que oferecem riscos significativos à saúde humana e ao meio ambiente.

Para combater esse impacto ambiental, a Resolução Conama nº 362/2005 estabelece que o destino obrigatório do óleo lubrificante usado é o rerrefino, processo industrial que remove contaminantes e permite a recuperação do óleo básico, possibilitando a reutilização na produção de novos lubrificantes.

Como é feita a coleta do óleo lubrificante usado?

O processo de coleta do OLUC segue uma cadeia controlada, regulamentada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e envolve etapas que garantem a segurança e a conformidade ambiental.

1. Troca do óleo e armazenamento adequado
   Após a retirada do óleo do motor, o resíduo deve ser imediatamente armazenado em recipientes apropriados, resistentes a vazamentos e identificados com sinalização de resíduo perigoso. Estes recipientes devem permanecer em locais seguros e protegidos dentro da oficina, longe de fontes de calor e áreas de circulação de pessoas.
2. Transporte por empresa coletora autorizada
   Somente empresas autorizadas e cadastradas na ANP podem realizar o transporte do óleo usado até as usinas de rerrefino. É responsabilidade da oficina garantir que a coleta seja feita por coletor licenciado, que deverá fornecer certificado de coleta ao estabelecimento.
3. Rerrefino
   Nas usinas de rerrefino, o óleo lubrificante usado passa por processos físicos e químicos que removem impurezas, resíduos sólidos, água e contaminantes. O óleo básico recuperado é reaproveitado na fabricação de novos lubrificantes, reduzindo a necessidade de extração de petróleo.

4. Controle documental e certificação
A oficina deve manter os registros de coleta atualizados e exigir, em cada operação, o certificado de coleta emitido pela empresa autorizada. Este documento é a comprovação de que o OLUC foi destinado corretamente, conforme prevê a legislação ambiental.

Benefícios da coleta correta do óleo lubrificante usado

A prática correta da coleta de óleo lubrificante traz vantagens que vão além da conformidade legal. Veja alguns benefícios relevantes para a oficina, o meio ambiente e a sociedade:

• Redução de impactos ambientais: a destinação correta do OLUC evita a contaminação de recursos hídricos, preserva o solo e reduz a emissão de poluentes no ecossistema.

• Economia de recursos naturais: o rerrefino diminui a necessidade de extração de petróleo bruto para a produção de novos lubrificantes, colaborando com a conservação de recursos não renováveis.

• Cumprimento da legislação ambiental: estar em conformidade com as exigências da ANP e do Conama evita multas, autuações e problemas legais que podem comprometer as atividades da oficina.

• Valorização da imagem da oficina: os consumidores estão cada vez mais atentos às práticas ambientais das empresas. Oficinas que comunicam e praticam o descarte correto do óleo lubrificante constroem uma imagem de responsabilidade socioambiental e ganham a preferência de clientes conscientes.

Fomento à economia circular: o rerrefino insere o óleo usado em um ciclo produtivo sustentável, reduzindo resíduos e promovendo uma indústria mais eficiente.

Como comunicar aos seus clientes?

Uma ação importante é informar de forma clara e visível que a sua oficina realiza a coleta e o descarte adequado do óleo lubrificante usado. Instale cartazes informativos no local de atendimento, conforme exige a Resolução Conama nº 362/2005, e reforce aos seus clientes que seu negócio colabora ativamente para a preservação do meio ambiente.

Essa comunicação, além de cumprir as normas, valoriza a percepção do seu negócio, mostrando um compromisso real com a sustentabilidade.

Fique atento aos requisitos legais

Ao realizar a entrega do OLUC para a empresa coletora, exija sempre o certificado de coleta. Verifique se ela está devidamente cadastrada na ANP e mantenha seus registros organizados. Essa documentação é fundamental para eventuais fiscalizações e garante que a sua oficina está cumprindo integralmente a legislação ambiental.

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