A resposta para o título deste post é simples: muita coisa mudou no negócio de oficinas mecânicas. E por diversos fatores, que vão desde a evolução dos carros e a digitalização até a mudança do perfil do consumidor e do tipo de uso dos carros.
Tão importante quanto entender essas mudanças no negócio de oficinas é saber acompanhá-las, garantir a rentabilidade e preparar o seu negócio para o futuro de forma sustentável. Hoje vamos mostrar os aspectos principais e como lidar com a nova era da reparação automotiva.
Passado, presente e futuro
Até os anos 1990, a oficina mecânica era um negócio mais informal no que diz respeito a processos. Os próprios veículos demandavam maquinário mais simples. Além disso, o dia a dia da loja não exigia tanto: planejamento e gestão soavam como palavras estranhas.
Só o advento da injeção eletrônica já mudou isso de cara em meados da década de 1990. De lá para cá, popularização de motores turbinados, tecnologias, como injeção direta e variação de comandos de válvulas, além da tecnologia embarcada, trouxeram uma nova realidade para dentro da oficina.
O avanço dos veículos demandou novos equipamentos para a loja. Scanner de diagnóstico, máquinas computadorizadas, métodos avançados para troca de óleo e para alinhamento/balanceamento mudaram o cenário das mecânicas. As margens diminuíram e a especialização aumentou.
Mais recentemente, novas mudanças no segmento de oficinas. Automóveis com cada vez mais itens eletrônicos, digitalização da economia e dos serviços e o modo de usar e ter o veículo impactaram diretamente o mercado de reparação automotiva. E o futuro reserva ainda mais desafios com a eletrificação, os carros autônomos e um novo conceito de mobilidade.
Os principais pontos de mudanças recentes nas oficinas mecânicas
Questões como eletrificação e mobilidade passaram a ser notórias no setor automotivo nos últimos anos. Mas a pandemia acelerou estas e outras questões que mudaram – e que continuarão a impactar – o setor de oficinas mecânicas.
Vale destacar alguns pontos principais que explicam o que mudou no negócio de oficinas:
- Carros híbridos e elétricos
- Veículos por assinatura
- Aplicativos de transporte
- Automóveis compartilhados (car sharing)
- Perfil do cliente
- Digitalização e redes sociais
- Comércio eletrônico
- Carros autônomos
Vamos destacar alguns desses pontos para mostrar o que mudou e continuará mudando no negócio de oficina.
A frota aumentou
Segundo dados da Anfavea (associação que representa as fabricantes de veículos), a frota de carros de passeio e comerciais leves em 2022 somava quase 44 milhões de veículos em circulação no País. Já o Sindirepa (Sindicato das Empresas de Reparação Automotiva) diz que existem mais de 12 mil oficinas de funilaria e pintura no Brasil. O que dá a média aproximada de mais de 3.600 carros por oficina.
Em termos de oficina mecânica, segundo o mesmo estudo, são 68 mil oficinas mecânicas no País, o que dá aproximadamente 650 carros por oficina. Ou seja, há uma demanda forte de veículos que uma hora ou outra têm de fazer manutenção.
O uso do carro mudou
Essa frota também ficou mais variada, com os aplicativos de transporte, como o Uber e 99.
Esses carros, utilizados para transporte de passageiros, são aqueles típicos de uso severo. E requerem manutenção ainda mais frequente e regular, o que vai representar mais idas à oficina.
Então, é preciso que sua oficina tenha planejamento para lidar com esse novo público “PJ”. Seja o motorista de aplicativo, seja o gestor de frota, são usuários que precisam de reparos e consertos rápidos, pois carro parado é prejuízo.
Por isso, é importante fazer uma estratégia para sua oficina antes de pegar clientes grandes ou que dependam do carro para trabalhar. Além do espaço físico adequado, sua oficina tem de ter alta produtividade e profissionais capacitados para um fluxo grande de veículos.
O cliente da oficina mecânica mudou
Nesse embalo, o perfil do cliente também mudou. Para muitos jovens, ter um carro virou necessidade só por causa da pandemia, na fuga do transporte público. Para eles, “usar o veículo” é mais importante que “possuir um”.
Mesmo que ele seja dono de um carro, esse perfil de cliente quer praticidade. Não quer dor de cabeça com um carro, tampouco sentir que está sendo enrolado com “oficinês” para explicar o que deve ser feito para resolver o problema do veículo. Então, o atendimento na oficina tem de ser o mais prático, cordial e transparente possível.
Além disso, cresceu muito o número de clientes mulheres. Tanto que muitas lojas de reparação automotiva já começam a ser comandadas por mulheres e/ou dedicadas ao público feminino.
De forma geral, o público da oficina também mudou. Quer um atendimento acolhedor e que escute o que o cliente tem para falar sobre o carro. Afetividade e proximidade são as palavras-chave para manter a fidelidade deste novo consumidor.
Novas tecnologias e eletrificação
Hora de pensar lá na frente também. Carros híbridos e elétricos já são realidade e, em poucos anos, estarão batendo à porta em busca de manutenção especializada. A oficina precisa estar preparada para receber os carros de combustão, assim como esses veículos eletrificados.
Essa transição energética que chegará à reparação automotiva vai demandar novos equipamentos e infraestrutura adequada das lojas. E, principalmente, mão de obra qualificada. Então, é indispensável que os gestores e funcionários da oficina já comecem a fazer cursos sobre carros híbridos e elétricos.
Canais digitais
A digitalização veio forte nos últimos 10 anos e envolveu todos os segmentos da economia. O ramo de oficinas, obviamente, não ficou de fora. Aqui os canais eletrônicos possibilitam duas frentes. Uma para trabalhar a imagem da loja e atrair o público; e outra para a logística do negócio.
Redes sociais, como Instagram, YouTube, Facebook e TikTok, são essenciais para manter sua oficina em evidência atualmente. Mas é preciso trabalhar bem essas plataformas e não fazer posts, fotos ou vídeos “por fazer”.
Nas ferramentas digitais, é importante ter conteúdo com qualidade de imagem e som. E passar a mensagem de modo objetivo, mostrando os serviços e produtos disponíveis e novidades da oficina.
Ao mesmo tempo, o comércio eletrônico facilitou a pesquisa e aquisição de muitas peças automotivas necessárias para diversos reparos. Contudo, é essencial estudar sobre a reputação destas lojas online e ficar atento a prazos de entrega, qualidade dos componentes e valores de frete.
Planejamento
Como muita coisa mudou na oficina, o planejamento e os processos tornaram-se ainda mais relevantes para o negócio. O dono do estabelecimento deve fazer uma gestão profissional e ter em mente que é um empresário, e não simplesmente um dono de oficina.
Organizar o fluxo da loja, motivar e capacitar a equipe, prezar pelo atendimento e fazer um gerenciamento financeiro são alguns destes passos. São características que vão servir como uma base que permita agregar valor à loja na hora de oferecer qualquer serviço ao cliente.
Por esta razão, o planejamento da oficina do futuro precisa trabalhar três pilares fundamentais:
- Estrutura: que pode ser dividida em infraestrutura, espaço físico, ferramental, segurança e organização.
- Conhecimento técnico: é preciso investir na capacitação constante dos funcionários.
- Gestão: oficina dá dinheiro, mas tem que ser bem administrada. Coordenar melhor o dia a dia da loja permite monitorar de maneira mais assertiva as ações e as estratégias e definir seu planejamento.
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